“Porque é que ele não olha para mim quando falo com ele”, “Está sempre a repetir a mesma palavra”, “Com que idade começam a ser observados os primeiros sintomas?”, “Quais as características do autismo?”, “Como sei se ele tem autismo?”
Muitas perguntas invadem a cabeça dos pais quando o desenvolvimento da criança não decorre como o esperado. Sendo o Autismo um dos diagnósticos conhecidos dos pais, muitos associam logo o facto de não falarem ao autismo. Contudo, existem muitos motivos que fazem com que a criança não desenvolva a fala e a linguagem de acordo com o esperado, daí a importância de avaliar e diagnosticar corretamente a criança, para que seja possível orientar os pais mediante as reais necessidades da criança. O próprio diagnóstico de Autismo (Perturbação do Espetro do Autismo) não é dado de "ânimo leve" e requer uma série de procedimentos. Vamos então falar um pouco mais sobre o Autismo...
Sobre o Autismo
"Sabe-se que o Autismo afeta 1 em cada 100 crianças, sendo três vezes mais frequente nos rapazes do que nas raparigas" - Organização Mundial de Saúde
O autismo é uma perturbação do desenvolvimento em que as crianças, e adultos, sentem desafios na comunicação e nas interações sociais. Pessoas com autismo têm geralmente dificuldade em conversar e podem não compreender regras sociais. Algumas podem não falar nada, e outras podem não ter dificuldade em falar. No entanto, todas as pessoas com autismo têm algum grau de dificuldade com a comunicação, que se podem revelar, entre outras coisas, através da dificuldade em fazer amigos ou mesmo uma dificuldade em manter relacionamentos na escola ou no trabalho. Algumas crianças, e adultos, podem ainda apresentar um comportamento atípico, com interesses restritos ou comportamentos repetitivos.
Com o DSM-V, o Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais, passou a utilizar-se o termo Perturbações do Espetro do Autismo (PEA) para cinco tipos de perturbações, sendo as principais: o Autismo clássico, o Síndrome de Asperger e a Perturbação do Desenvolvimento Sem Outra Especificação.
O autismo pode variar de leve a severo, dependendo do nível de funcionalidade e de dependência
Assim, nas Perturbações do Espetro do Autismo podemos encontrar três níveis de severidade:
Ligeiro – os sintomas são facilmente suprimidos por estímulos sensoriais ou por distração
Moderado – os sintomas requerem medidas protetoras e modificação comportamental explícita
Severo – são necessárias medidas protetoras e monitorização contínua para prevenir danos sérios
A PEA apresenta trajetórias diferentes em cada uma das crianças. Isto significa que, para algumas crianças, os sinais podem ser observados desde o nascimento, enquanto que para outras, as manifestações podem ter início apenas após o primeiro ano de vida.
Saber identificar os sinais precoces da PEA está diretamente relacionado com a possibilidade de oferecer à criança uma intervenção precoce, mesmo que o diagnóstico ainda não tenha sido confirmado.
Como confirmar o diagnóstico
O diagnóstico de autismo deve ser feito por uma equipa multidisciplinar, que pode incluir Pediatra de Desenvolvimento, Psicólogo, Terapeuta da Fala, Terapeuta Ocupacional, entre outros, dependendo das características da criança. Geralmente é feito através da observação da criança, da recolha de informações sobre história clínica da criança, dos pais, da realização de alguns testes de diagnóstico e exclusão de outras patologias, como testes genéticos, análises, eletroencefalograma, testes auditivos e/ou outros que sejam considerados relevantes.
Muitas vezes, são visíveis sinais e sintomas de autismo em crianças muito pequenas. Mas, por vezes, os sinais e sintomas não são muito percetíveis, podendo não ser identificados antes da idade escolar ou mesmo na idade adulta. Por esse motivo, é importante estar em alerta de forma a conseguir proporcionar ao seu filho o melhor acompanhamento possibilitando-lhe assim uma melhor qualidade de vida.
Sinais de Alerta no Autismo
Crianças com autismo podem apresentar dificuldades a nível de:
Comunicação - usar poucos gestos, falar nada ou pouco, não fazer diálogos, ter uma voz robótica ou cantada, ecolália (repetir palavras ou frases), hiperlexia, fazer contacto visual …
Desenvolvimento cognitivo - dificuldade em imitar e na atenção compartilhada
Competências sociais - fazer novos amigos, estabelecer um diálogo com o outro
Desenvolvimento motor - sentar ou andar tarde, dificuldade em deixar a fralda (controle dos esfíncteres)
Sensorial - sensíveis a sons, luzes intensas, texturas e sabores
A intervenção precoce torna-se fundamental pois possibilita estimular competências e comportamentos, ou inibi-los, de acordo com as características da criança. Estimulo este que tem como objetivo potenciar alterações no cérebro (novas sinapses) de forma a promover as competências da criança tornando-a mais sociável e mais comunicativa.
Se sentir que o seu filho não está a evoluir na fala como o esperado, procure ajuda de um Terapeuta da Fala.
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Texto elaborado por Dra. Vera Angelino
Terapeuta da Fala da Speechy
Serviços Especializados em Terapia da Fala
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